domingo, 2 de maio de 2010

ANOS 60

No período dos anos 60, desenvolve-se um grande intercâmbio entre o trabalho de fotógrafos e artistas plásticos. Muitos fotógrafos usam técnicas manuais de manipulação de imagens, como retoques e pinturas de negativos e de cópias.
Os pintores, por sua vez, imitam a visão fotográfica (figurativa) e introduzem fotos em suas obras, por meio de colagem ou reprodução em silkscreen, como ocorre na pop art, nos trabalhos dos norte-americanos ANDY WARHOL e JAMES ROSENQUIST.
A fotografia também é bastante utilizada pela arte conceitual, como meio para a expressão de um conceito...
Com seu jornal Última Hora (1951-1971), Samuel Wainer revolucionou a moderna imprensa brasileira. “Um jornal vibrante, uma arma do povo”, como era conhecida essa publicação de cunho nitidamente popular e populista, tinha como padrinho o Presidente Getúlio Vargas e incluía, entre outros colunistas, Chacrinha, Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) e Nelson Rodrigues (“A vida como ela é”).
O acervo fotográfico do Última Hora do Rio de Janeiro, de mais de 160 mil fotos e 200 mil negativos, encontra-se hoje consultável no Arquivo do Estado (SP) e compõe uma inestimável história diária do Brasil das décadas de 50 e 60.
Em dezembro de 19.. foi lançado o primeiro livro da “Coleção Arquivo em Imagens Série Última Hora”, que mostra um panorama do conteúdo do acervo. Neste ano, ainda serão lançados volumes sobre futebol e ilustrações no UH. A dimensão desse acervo é rara dado o mau hábito que tinham certos órgãos da imprensa brasileira, até pouco tempo, de queimar seus próprios arquivos alegando, por exemplo, “falta de espaço”. (Pesquisa e produção: Silvana Jeha)
SAMUEL WAINER vê rodar a primeira edição do Última Hora (06/1951).




PAULO FRANCIS (11/1952), foto by: ERNESTO.


A foto abaixo (lado esquerdo da tela), mostra ASSIS CHATEAUBRIAND na cadeira de rodas; Carlos Lacerda é o segundo à direita (abril de 1964). Do lado direito da tela, a foto retrata o “crime da mala” – Isabel, servente assassinada e colocada em pedaços dentro de uma mala em um terreno baldio, em janeiro de 1969. Ambas as fotos são de J. Marques.





Edson Luís, o estudante morto pela Polícia Militar durante confronto com estudantes em São Paulo. Foto: SOARES E MEIRA (03/1968).

A Documentação Iconográfica do Arquivo do Estado de São Paulo possui um grande volume de documentação iconográfica ainda pouco conhecida. Em seu acervo, reúne cerca de um milhão de imagens, entre negativos, cópias fotográficas, postais, caricaturas e ilustrações.

O Setor Iconográfico define-se, estruturalmente, pelo tratamento dado à documentação não-textual. Ele é o responsável pela organização, guarda e disseminação da informação contida nesse gênero de documentos.

ARQUIVO: “ÚLTIMA HORA”

Constituído pelo arquivo fotográfico do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, fundado pelo jornalista Samuel Wainer. O jornal surgiu em julho de 1951 na capital carioca e em poucos anos inaugurou edições regionais em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, apareceu em 1952.

Última Hora é considerado um dos marcos da imprensa brasileira, pela inovação gráfica de suas páginas e o conteúdo de apelo popular. Wainer vendeu a edição carioca em 1971 para a Arca Editorial e a edição paulista para a Folha de São Paulo.

O arquivo do jornal estava sob guarda de sua filha Pinky Wainer até 1989, quando foi adquirido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e sua guarda e conservação confiadas ao Arquivo do Estado.

É composto por 170 mil cópias fotográficas, 2 mil caricaturas e 800 mil negativos, além de 246 volumes encadernados das edições paulista e carioca do jornal; 6 volumes da revista Diretrizes e 555 rolos de microfilmes do jornal, que foram depositadas na hemeroteca do Arquivo do Estado.

Conteúdo Genérico: este segmento de acervo é uma rica fonte para os mais diversos campos de estudo, compreendendo o período 1951-1971. No campo da política, permite o acesso a uma documentação bastante variada do quadro político, tanto em nível nacional quanto regional, durante os governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitchek, Jânio Quadros, João Goulart, Castelo Branco, Costa e Silva e Médici.

Para a história social, existe um farto material para pesquisas sobre comportamento, diferenças sociais, moda, hábitos e costumes, relações pessoais, papel feminino na sociedade, modo de vida nas cidades, violência e criminalidade e movimentos populares. O mesmo pode ser dito sobre a história das artes, do esporte, da literatura, da cultura popular, etc.

Formas de Acesso: as cópias fotográficas foram arranjadas conforme a organização dada pelo próprio arquivo do jornal. Existe um catálogo que permite o acesso do pesquisador aos grupos documentais que compõem este segmento do acervo. As ilustrações receberam catalogação individual e existe um catálogo onde foram aglutinadas as principais informações a respeito de seu conteúdo e produção.

Condições de acesso: as cópias fotográficas e as ilustrações podem ser consultadas na sede do Arquivo do Estado. Os negativos fotográficos encontram-se indisponíveis à consulta.

CURIOSIDADE: ÁLBUM DE RETRATOS

Álbum formado por uma série de 67 retratos pessoais, de origem desconhecida, do final do século XIX. A maior parte dessas fotos são em formato carte-de-visite, em voga na época. Permite a visualização de um quadro peculiar da época, pelas informações a respeito do vestuário, dos costumes, da concepção estética, da imagem da mulher e da criança. Para a história da fotografia, possibilita o levantamento dos principais fotógrafos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, entre os quais se destacam: F. VOTTSACK, A. RIZZO e J. CARVALHO.

Forma de acesso: a única forma de acesso é a consulta direta ao álbum.

FRANCISCO ASZMANN

Três irmãos de origem húngara têm o sobrenome mais requisitado para fotografar os casamentos dos ricos, chiques e famosos do Rio de Janeiro... Eles são a família Aszmann, que chegou ao Brasil em 1948, depois de perder tudo na II Guerra Mundial.

O pai, FRANCISCO ASZMANN, foi escritor, pintor e fotógrafo, e recebeu mais de 400 prêmios nos salões de fotoclubismo internacional. Acabou sendo o modelo inspirador para os filhos. Ao longo dos anos, o STÚDIO ASZMANN, criado em 1965 pelos irmãos FERENC, EGON e AKOS ASZMANN, utiliza com sucesso o conceito de fotografia de arte, herdado do patriarca da família – tornando-se referência para a elite carioca.

Um trabalho que rompeu divisas e leva a família Aszmann a fotografar também em Salvador, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. A carteira de clientes é seleta e recheada de gente famosa. Endereço: Travessa Angrense 14, Gr. 303 – Copacabana, Rio de Janeiro (aszmann@mandic.com.br).

“FOTOARTE” era uma revista dirigida por FRANCISCO ASZMANN (grande artista húngaro, brasileiro por opção), um dos maiores fotógrafos de sua época e um dos mais premiados no mundo!

Tirou a foto e pulou da ponte pela ribanceira de dez metros, na Hungria. A foto ficou anos esquecida, porque o boi da direita estava ligeiramente desfocado: um crime para os padrões estéticos daquela época. Mas em 1940, o conceito mudou e Aszmann pode ganhar todos o títulos com uma única foto.

Abaixo, a foto “BOIS”, uma das mais premiadas fotos do mundo publicada em 1940, de Francisco Azzmann. “Desejo fazer arte. Não só registrar fotograficamente aquilo que vejo, mas transmitir através da fotografia impressões e sentimentos vividos.”




FOTORREPORTAGEM

Nos anos de 1959/1960, houve a reforma gráfica do Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), definindo novos parâmetros para a utilização da fotografia na imprensa cotidiana no Brasil...

A década de 1960 caracteriza-se pelas transformações radicais adotadas na fotografia brasileira... É o auge da fotorreportagem no país, com o surgimento das revistas Realidade (1966), Bondinho e Veja (1968 – Editora Abril) e do Jornal da Tarde (1966).

A Realidade valoriza a fotografia em um projeto gráfico ousado e monta uma equipe de profissionais que fez escola no fotojornalismo brasileiro. Vale lembrar o importante papel de MAUREEN BISILLIAT (1931-) e DAVID DREW ZINGG (1923-) que fizeram fotos informativas e de grande qualidade estética.

Também CLAUDIA ANDUJAR, GEORGE LOVE, LUIGI MAMPRIN e WALTER FIRMO são autores de grandes ensaios. Destaca-se ainda o trabalho de LUÍS HUMBERTO, que consegue realizar fotos irônicas sobre a situação do Brasil sob regime militar apesar do controle da censura.

Veja também cria uma equipe arrojada que se destaca no fotojornalismo político em pleno regime militar e é responsável pelo esforço inicial pelo reconhecimento do crédito, do direito autoral e da função específica do editor de fotografia...

Em 1962/1963, os norte-americanos EMMETT LEITH e JURIS UPATNIEKS e o soviético YURI DENISYUK desenvolvem simultaneamente a HOLOGRAFIA, fotografia em três dimensões obtida por meio da exposição de um filme ou chapa à luz de raio laser refletida em um objeto...

KYOICHI SAWADA – tornou-se conhecido como fotógrafo jornalístico que trabalhou durante a guerra do Vietnã. Morreu trabalhando... Recebeu várias distinções internacionais, tais como o primeiro prêmio da World Press Photo e o prêmio Pulitzer pela fotografia Fuga para a liberdade, uma foto tirada na década de 60, na qual pessoas conseguiram fugir a um ataque à sua aldeia nadando para se salvar, falando da realidade da Guerra do Vietname.

Em 1964, nave americana obtém fotos muito próximas da superfície lunar... pouco tempo depois... a fotografia (abaixo) foi publicada pela revista LIFE, no ano de 1969, onde podemos observar o astronauta Amstrong pisando na lua (utilizaram-se filmes Kodak e uma câmera Hasselblad).




Em 1969, ALÉCIO DE ANDRADE ingressa na prestigiosa agência francesa MAGNUM, abrindo as portas do circuito internacional do foto-jornalismo para os brasileiros (foi seguido, na década de 80, por SEBASTIÃO SALGADO e MIGUEL RIO BRANCO).

Na foto de JOSÉ ANTONIO (abaixo), aparecem em pé quatro dos cantores mais conhecidos da Jovem Guarda: Eduardo Araújo, Wanderley Cardoso, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Sentadas, Martinha e Wanderléa.

O movimento surge nos anos 60 e faz sucesso cantando em português grandes sucessos internacionais de rock’n’roll. O principal nome é Roberto Carlos, que também apresenta o programa Jovem Guarda, na TV Record.

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