sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Nova Reflex digital Nikon D3100



A nova reflex D3100 da Nikon não é só a primeira da marca a oferecer vídeo a 1080p. Inclui ainda um renovado modo GUIDE que explica como fazer melhores fotos. Deixe o manual em casa, a câmara faz tudo por si. O que sugere que afinal as suas melhores fotos podem não ser suas...

A aposta dos fabricantes em produzirem aparelhos que dispensam a leitura do manual parece ser a moderna meta da fotografia nesta era digital. Todas as marcas vão criando sistemas simples de ensino das regras – ou pelo menos de resolução dos problemas – e no campo dos aparelhos reflex isso também é moda, sugerindo que as pessoas saltam para esse tipo de aparelhos sem sequer passarem pelas compactas onde muitos deviam fazer o tirocínio. Mas enfim...





A Nikon evidencia essa postura na nova DSLR D3100, hoje apresentada, e que tem sensor CMOS de 14.2 milhõs de pixéis, Live View, ISO 100-3200 expansível até 12800, ecrã traseiro de 3 polegadas e o tal vídeo a 1080p. E, claro, um leque de outras funcionalidades habituais e na linha da D3000 que vem substituir. O aparelho vai estar disponível no mercado com uma objectiva de 18-55mm VR por um preço de U$ 700,00, num sinal evidente de que a gama de entrada tem cada vez mais preços concorrenciais.
Mas o elemento mais importante desta nova reflex digital é o modo de GUIDE, que tem marcação própria no anel de ajuste de modos, e que torna a câmara num tutor de fotografia. Ou, pelo menos, dispensa a leitura do manual, a que muitos são avessos. Num tempo em que é cada vez mais a imagem que conta, o contributo da Nikon – e de outros – para que se deixe de ler é de ter em conta. Para o melhor e para o pior, digo eu!





Pessoalmente não dispenso um bom manual que me elucide sobre coisas, mas entendo que estes guias sejam uma mais-valia a ter em conta. E no caso da D3100 trata-se, indica a Nikon, de uma evolução sobre o sistema da D3000. O novo sistema inteligente explica passo a passo, afirma a Nikon, como ajustar parâmetros da câmara, ajudando o utilizador não só a obter a foto desejada mas também a desenvolver as suas capacidades fotográficas. No modo GUIDE é possível ver exemplos do que se pode esperar ter como resultado ao mudar parâmetros como a abertura ou velocidade. É claro que o sistema não consegue explicar coisas como VISÃO, EMOÇÃO e outros elementos que fazem uma fotografia ser mais do que um exercício de técnica, mas isso é, ainda, felizmente, uma capacidade reservada ao comum mortal. E não a todos, como se descobre olhando milhares de fotos que vão enchendo a web...

Confesso que sou um pouco crítico desta automatização da fotografia. Se bem que a entenda ao nível de quem pretende somente instantâneos ou memórias de momentos familiares, de convívio, etc, acho que ao nível de um aparelho tão sofisticado como é uma reflex - em que se investe, acho eu, por querer controlar o processo criativo - a dependência em demasia dos automatismos e soluções prontas anula a ideia de partida: expressar a visão própria através de uma ferramenta como qualquer câmara é. É como se de repente o fotógrafo fosse, afinal, um simples operador de câmara - alguns são, pelos vistos - e não a mente criativa. Porque fazer fotografia não é só expor correctamente (o que quer que isso seja... outra discussão possível) o sensor à luz. É muito mais do que isso.
É evidente que esta “esperteza” que fascina alguns não é mais do que o recurso a uma base de dados inscrita – fácil nestes tempos de informática – e ao uso dos programas de exposição predefinidos (chamam-lhes modos de cena...) que, afinal, mais não fazem do que procurar a melhor solução genérica para diferentes tipos de situações. Porque, por mais inteligente que um aparelho seja, não faz mais do que medir a luz... que é sempre igual quer se fotografe com uma compacta barata, de plástico, ou a mais evoluída DSLR. Cabe ao fotógrafo definir o que usar e como usar os restantes elementos, da composição à exposição final para transmitir a sua mensagem.

No entanto, estas “ajudas” ao neófito, que muitas vezes antes só pegou num celular com câmara, podem ser preciosas para não chegar ao cúmulo – já vi acontecer – de cortar cabeças nas fotos com uma reflex. E a completar o GUIDE a Nikon até incorporou na D3100 uma série de ecrãs de ajuda a que se acessa pelo botão ? na traseira do aparelho, e que explicam o que faz cada uma das opções de menu escolhidas. No fim fica somente uma pergunta: as fotos que leva para casa serão realmente suas ou as que a câmara fez?








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